O time do ano. O Galo da história.

Completa. Dos adjetivos que achei, este foi o mais próximo de resumir uma conquista heroica e soberana ao mesmo tempo. Não faltou nada, absolutamente nada.

Tentei buscar na memória e confesso que não lembro de ter visto tanta vontade de vencer em um grupo. Ninguém corre mais que eles. Se correrem o dobro, eles fazem o triplo. Sem reclamar de cansaço, do calendário ou do fim de temporada. Uma energia que é recarregada a cada olhar nos olhos do companheiro, que sem abrir a boca já diz que acredita. Uma conexão time-torcida que nem conseguimos distinguir quem é quem.

O atleticano não vê mais um time que o representa. Ele se vê em campo. Pois finalmente entenderam a fé desse povo, que sempre buscou transmiti-la dali de cima. Enfim, eles conseguiram. Se da arquibancada eles creem, no gramado eles têm certeza.

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A massa comemora o título inédito (Foto: Estadão/Yahoo Esportes)

É essa ambição pela vitória que prova que 2013 não foi acaso. Não tem mais Ronaldinho, Bernard, Jô e Cuca, mas e daí? O que mais é necessário se o espírito do desbloqueio do impossível fica?

Nesse mais novo dia histórico, o atleticano que pagou mil pratas para presenciar mais uma festa em seu salão preferido, teve seu dinheiro bem gasto. Já o que gastou esta fortuna para ver um jogo, uma final, deve ir ao Procon pedir o ressarcimento.

Porque vimos um massacre desde o início, um jogo de um time só, já definido no intervalo. Assim, não vimos o Atlético Mineiro que nos acostumamos.

Mas convenhamos, era impossível, Cruzeiro. E se houve algum pé atrás quanto ao fato da final já estar ou não decidida antes do segundo jogo, a culpa é justamente do Galo, que tornou o milagre normal.

Não adianta, só funciona com ele.

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Galo faz a festa no Mineirão (Foto: Bruno Cantini/Flickr do Atlético-MG)

O Atlético Mineiro chega ao auge de seus dias. O tamanho disso, agora, será apenas celebrado. A real dimensão virá daqui a uns 10, 15 anos, quando de fato começarem as memórias nostálgicas. E garanto: não foram só os atleticanos que tiveram prazer em ver este time jogar.

Um time que conseguiu contagiar o país em uma competição nacional, onde não há a justificativa de que a torcida é apenas pelo futebol brasileiro. Um grupo que não satisfeito em dividir o brilho desta temporada com seu rival, fez questão de acabar com o 2014 do inimigo e lhe tomar o posto de time do ano.

É o time do ano. É o Galo da história. A Copa do Brasil é dele. O maior Atlético x Cruzeiro de todos os tempos, também. Daqui a uns anos, é isto o que de fato irá importar. Quando o atleticano usar este argumento, será bastante complicado abafar.

O Atlético Mineiro viciou em conquistar tudo que vê pela frente. E se ninguém interná-lo numa clínica de reabilitação, temos o favorito ao Brasileirão 2015.

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Foto de capa: Douglas Magno/AFP.

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André Fidusi

Publicitário e jornalista por formação, ilustrador por vocação. Futebol na veia. Quem pede recebe, quem desloca tem preferência. Pegar de pé é dibra. Vamo que vamo!

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