Top 5 Curiosidades das Copas: 1974, 78 e 82

A história das Copas do Mundo apresenta fatos curiosos que aconteceram durante suas edições, desde a primeira em 1930 no Uruguai. Pensando nisso preparamos uma série de matérias chamadas “Top 5 Curiosidades das Copas”. Seguimos com as Copas de 1974, 1978 e 1982.

 

1974 – sede: Alemanha Oc. | campeão: Alemanha Oc.

 

Atentado terrorista. O bicho, a tabela, a taça. Caszely leva vermelho! Adidas com duas listras. Carrossel Holandês encanta o mundo.

 

1) Susto em Munique

Dois anos antes de receber a Copa do Mundo, a Alemanha Ocidental realizaria as Olimpíadas e por isso, aproveitaria os investimentos em infraestrutura para os dois eventos. Entretanto, um episódio manchou os Jogos Olímpicos de Munique em 1972. O grupo palestino Setembro Negro invadiu o alojamento da delegação de Israel, matou dois atletas e fizeram outros nove de reféns. O grupo exigia a libertação de palestinos das prisões israelitas, o que foi prontamente negado pelo premiê israelense Golda Meir. Após negociações frustradas durante o episódio cinco terroristas, um agente da polícia alemã e todos os nove atletas reféns morreram em pleno andamento das Olimpíadas. Mesmo assim, a Copa do Mundo estava confirmada na Alemanha Ocidental.

1972 - Munique: Grupo Setembro Negro

1972 – Munique: Grupo Setembro Negro

 

1974: Olympiastadion Munich

1974: Olympiastadion Munich

 

2) O bicho, a tabela, a taça

Com o intuito de estimular as seleções que poderiam ficar receosas com a tragédia de Munique, a FIFA anunciou uma boa compensação financeira. Para garantir o prêmio em dinheiro, a entidade investiu em publicidade e até mesmo alterou a tabela do Mundial. A primeira fase seguia o modelo adotado nas edições anteriores, com as 16 seleções divididas em grupos de quatro. As duas primeiras classificavam-se, mas não para as quartas-de-final. Seriam formados dois grupos e as equipes mais bem-classificadas fariam a decisão.

1974: Sorteio dos Grupos

1974: Sorteio dos Grupos

Copa de 1974 - Segunda fase: Futbox.com

Copa de 1974 – Segunda fase: Futbox.com

O campeão ficaria com a posse provisória da nova taça, batizada como “Copa do Mundo FIFA” – uma réplica menor seria entregue de forma definitiva para a Federação. Os nomes das seleções campeãs são gravados na base da taça original – há espaço para contemplar o campeão até a edição de 2038. A taça, que então poderá ser trocada, vai ficar em poder da FIFA.

 

3) Vermelhou

Os cartões passaram a ser usados na Copa de 70, porém, nenhum jogador foi expulso naquela edição. Dessa forma, o 1º jogador a receber um cartão vermelho em Mundiais foi o chileno Carlos Caszely, expulso no jogo Alemanha Ocidental 1×0 Chile, partida de abertura da Copa do Mundo de 74. Abaixo a sequência de fotos que entrou para a história dos Mundiais.

Manchete na revista turca da época: Caszely (CHL)

Manchete na revista turca da época: Caszely (CHL)

 

4) A camisa de Cruyff

Johan Cruyff, o craque da Holanda, era patrocinado pela Puma, mas o material esportivo da seleção holandesa era fabricado pela Adidas e assim, trazia as três listras na camisa. Para não atrapalhar seu patrocínio pessoal, o uniforme completo de Cruyff (camisa, calção e meiões) foi personalizado com apenas duas listras. Foi ainda, a primeira Copa do Mundo a trazer a numeração nos shorts, com exceção à seleção de Marrocos na Copa de 70.

Seleção holandesa com as famosas tres listras

Seleção holandesa com as famosas tres listras

 

Cruyff com o uniforme personalizado: duas listras apenas

Cruyff com o uniforme personalizado: duas listras apenas

Cruyff contra o Uruguai

Cruyff contra o Uruguai

 

5) Carrossel holandês – Laranja Mecânica

A seleção holandesa encantou o mundo com o inovador “Futebol Total” onde os jogadores se revezavam nas posições dentro de campo durante a partida. A seleção recebeu dois apelidos que ficaram muito famosos: “Carrossel Holandês” e “Laranja Mecânica”. Na final, contra os anfitriões, os holandeses chegaram ao 1º gol sem que os alemães encostassem na bola.

Exato momento do pênalti na final de 1974

Exato momento do pênalti na final de 1974

Mas assim como foi na Copa de 1954 (quando virou para cima da Hungria na final), a Alemanha Ocidental reverteu o placar e chegou ao bicampeonato Mundial. Os gols de Breitner e Müller garantiram o título da seleção anfitriã e explodiram de alegria os alemães que compareceram em peso ao Olympia Stadion, em Munique.

Confira a animação stopmotion do gol do título alemão marcado por Gerd Müller:

 

 

Todos os jogos ilustrados da Copa de 1974 AQUI.

 

1978 – sede: Argentina | campeão: Argentina

 

Golpe militar. Estrelas dizem “não” a Copa. Gol 1000! Time amador entra para a história dos mundiais. Grito engasgado.

1) Caos às vésperas da Copa

Em 1930, o Uruguai foi escolhido como sede da 1ª Copa do Mundo. A Argentina era uma das concorrentes e se candidatou para receber o Mundial também em 1938, 1962 e 1970, sendo derrotada em todas ocasiões. Somente em 1966 a FIFA aceitou a candidatura argentina e anunciou o país como sede da Copa de 1978. No entanto, dois anos antes, um golpe militar destituíra do poder a presidente Isabelita Perón. Inconformados com a repressão militar, o povo reagiu e o país viveu um período muito delicado com o desaparecimento de milhares de pessoas, fato que originou o movimento “Mães de Maio“, formando por mulheres que se reúnem na Praça de Maio, Buenos Aires, para exigirem notícias de seus filhos desaparecidos durante a ditadura militar.

Nota referente ao Movimento Mães de Maio em 2012

Nota referente ao Movimento Mães de Maio em 2012

Algumas seleções classificadas ameaçavam boicotar o Mundial da Argentina, que vivia a ditadura com prisões, tortura e assassinatos de opositores do governo. Mesmo assim, João Havelange, presidente eleito da FIFA em 1974, resistiu à pressão e confirmou a Copa do Mundo para o país sul-americano.

1978 - Estádio Monumental: abertura da Copa

1978 – Estádio Monumental: abertura da Copa

 

2) Craques de fora

O boicote das seleções não passou de ameaça. Mas dois craques se negaram a disputar a Copa do Mundo da Argentina: o alemão Paul Breitner e o holandês Johan Cruyff, ambos alegaram questões morais para não participar do Mundial. Na época, houve um boato relacionado ao boicote de Cruyff, que dizia não ter nada a ver com assuntos políticos, mas sim, pelo fato da premiação oferecida pela Holanda ser aquém do que o craque esperava.

COBA: Coletivo pelo Boicote da Copa do Mundo na Argentina

COBA: Coletivo pelo Boicote da Copa do Mundo na Argentina

 

Presença militar nos jogos da Copa de 1978

Presença militar nos jogos da Copa de 1978

 

3) Gol 1000

Holanda e Escócia se enfrentaram pela 1ª fase da Copa de 78. Apesar de os escoceses vencerem a partida (3×2), quem entrou de vez para a história do futebol foi o holandês Rob Rensenbrink que marcou o milésimo gol de Copas do Mundo ao converter uma penalidade em favor da Laranja Mecânica. Confira o pênalti no video abaixo:

 

4) Hungria x Kimberley

França e Hungria se enfrentaram pela 1ª fase do torneio. Na ocasião, as duas seleções entraram em campo com camisa branca. Um sorteio definiu quem deveria trocar de uniforme. Os franceses perderam e como não tinham trazido camisas reservas, foram obrigados a jogar com camisa verde e branca emprestada pelo C.A. Kimberley, clube amador da Argentina.

Platini deixando o campo com a camisa 15

Platini deixando o campo com a camisa 15

 

5) Soltando o grito

Pela 2ª vez consecutiva a Holanda chegava a uma final de Copa do Mundo. A base da seleção vice-campeã foi mantida, apesar da ausência do craque Johan Cruyff.

O adversário era a anfitriã Argentina que contava com o talento de Mário Kempes. O atacante abriu o placar ainda no 1º tempo, mas viu sua seleção sofrer o empate com um gol de Nanninga na etapa complementar.

O jogo foi para a prorrogação e Kempes brilhou mais uma vez. Com outro gol e uma assistência foi o destaque da partida: 3×1 Argentina. A torcida local finalmente comemorou o 1º título do país em Copas do Mundo. O grito de campeão estava engasgado desde 1930, quando os argentinos perderam a decisão para os uruguaios.

1978 - Final: torcida argentina no início do jogo

1978 – Final: torcida argentina no início do jogo

 

1978 - Final: torcida argentina em festa

1978 – Final: torcida argentina em festa

 

Gol de Mario Kempes. Argentina campeã do mundo!

Gol de Mario Kempes. Argentina campeã do mundo!

Todos os jogos ilustrados da Copa de 1978 AQUI.

 

1982 – sede: Espanha | campeão: Itália

 

Com tempo para se preparar. Mais seleções! Juventude e goleada. Crescendo na hora certa. Redução de pena.

1) Antecedência máxima

Em 1964 a FIFA oficializou a Espanha como a sede oficial da Copa do Mundo de 1982. Dessa maneira, o país teve 18 anos para se preparar para organizar o evento. Para isso, mandou representantes para os mundiais de 1966, 1970, 1974 e 1978. O objetivo era claro: aperfeiçoar as boas ideias e não repetir os erros cometidos por outras sedes.

1982: cerimônia de abertura - Estádio Camp Nou

1982: cerimônia de abertura – Estádio Camp Nou

 

2) Inchaço

Às vésperas da Copa de 1974, João Havelange foi eleito presidente da FIFA e uma de suas promessas era aumentar para 20, o número de países classificados para as Copas do Mundo. Apesar do atraso – 16 seleções disputaram em 1978 – a edição de 1982, foi “inchada” para 24 equipes (entre elas, as estreantes Argélia, Camarões, Honduras, Kuwait e Nova Zelândia). Com isso, eram necessárias mudanças na fórmula de disputa e a FIFA estabeleceu seis grupos de quatro seleções; as duas primeiras classificavam a segunda fase e seriam divididas em grupos de três. Os líderes avançavam as semifinais.

1982: sorteio dos Grupos da Copa

1982: sorteio dos Grupos da Copa

 

3) Recordes

Na primeira fase, Norman Whiteside tornou-se o jogador mais jovem a disputar uma partida de Copa do Mundo. Com 17 anos e 41 dias, ele defendeu a Irlanda do Norte no jogo de estreia contra a Iugoslávia, que acabou em empate sem gols. Já a Hungria, aplicou 10×1 em El Salvador, a maior goleada da história dos mundiais, porém foi eliminada depois de derrota para a Argentina e empate contra a Bélgica.

1982 - Grupo C: HUN 10x1 SLV

1982 – Grupo C: HUN 10×1 SLV

1982: domínio húngaro em campo

1982: domínio húngaro em campo

 

4) Time de decisão

A campeã Itália entrou desacreditada na 2ª fase da Copa de 82. Isso porque a Azurra havia apenas empatado as suas três partidas da fase de grupos. Como na época a vitória valia apenas dois pontos, a seleção se classificou e, posteriormente, conquistou seu terceiro título mundial ao vencer a Alemanha Ocidental por 3×1 na decisão.

Grupo A: ITA 1x1 CMR e classificação no saldo de gols

Grupo A: ITA 1×1 CMR e classificação no saldo de gols

 

5) Totonero

Paolo Rossi foi o artilheiro da Copa de 82. Mas o craque quase ficou de fora da delegação italiana que viajou à Espanha. Isso porque em 1980, o atacante se envolveu no “Totonero“, escândalo no futebol italiano que condenou clubes, dirigentes e jogadores por manipulação de resultados. Rossi foi punido com três anos de suspensão e só participou da Copa porque a pena foi diminuída para dois anos.

Manchete da época: "Que triste: Manipulação nos estádios"

Manchete da época: “Que triste: Manipulação nos estádios”

 

1982 – Bônus

 

No final, contra tudo e contra todos, a Azzurra se consagraria tricampeã do mundo na Espanha em 1982, eliminando a seleção brasileira, uma das melhores de todas as Copas, a Argentina, atual campeã, a Polônia na semifinal e a Alemanha Ocidental na final por 3×1.

Paolo Rossi marca pela 3ª vez: ITA 3x2 BRA

Paolo Rossi marca pela 3ª vez: ITA 3×2 BRA

 

Marco Tardelli e a comemoração na Final que entrou para a história das Copas

Marco Tardelli e a comemoração na Final que entrou para a história das Copas

 

Itália tricampeã do mundo!

Itália tricampeã do mundo!

 

Todos os jogos ilustrados da Copa de 1982 AQUI.

 

Próximo “Top 5 Curiosidades das Copas”: 1986, 90 e 94.

Fontes:

 

Futbox – Centro De Pesquisa Gráfica Sobre Futebol

• Livro – O mundo das Copas, de Lycio Vellozo Ribas

 

 

 

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Adriano Ávila

A prova inquestionável que existe vida inteligente fora da Terra é que eles nunca tentaram contato com a gente.

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