Vilões do futebol

Um frango, um gol contra, um pênalti perdido, uma expulsão. Episódios comuns que costumam criar os vilões do futebol. Imprensa e torcedores adoram apontar os culpados por uma derrota.

Algumas vezes, a “punição” é até exagerada. Como não se lembrar do caso do zagueiro colombiano Escobar, assassinado por marcar um gol contra na Copa do Mundo de 94?

Entre 1987 e 2003, Uday Hussein (filho de Sadam) assumiu o comitê olímpico do Iraque. Na busca por melhores resultados, Uday deu início a uma administração de terror, punindo jogadores por atos de indisciplina e mesmo por performances aquém do esperado.

A “estratégia motivacional” incluía desde prisão a torturas. O jogador que perdesse um pênalti ou marcasse um gol contra, por exemplo, tinham os pés machucados, cortados por espinho e até mesmo poderiam ser espancados por três dias. Nesse período, a seleção do Iraque viveu uma era de fracassos.

Mas vamos falar do Brasil. O brasileiro é soberbo quando o assunto é futebol. Sempre que a seleção canarinha perde é culpa de alguém. Nunca é por méritos do adversário. Em 1998, o jogo foi “vendido”. Em 2006, a culpa foi de Roberto Carlos. Em 2010, de Felipe Melo.

Flamengo e Vasco decidiram a Copa do Brasil de 2006. No jogo de ida, vitória de 2×0 do Rubro-Negro. Na volta, com 15 minutos do 1º tempo, o atacante vascaíno Valdir Papel foi expulso após receber o 2º cartão amarelo. No final, 1×0 para Flamengo e o título foi para a Gávea.

Valdir Papel foi crucificado. Na saída do campo foi empurrado pelo técnico Renato Gaúcho. No dia seguinte foi humilhado publicamente pelo presidente Eurico Miranda. O atacante deixou a Colina e nunca mais voltou a jogar em um time de Série A do Brasileirão (semanas depois se transferiu para o Vitória, que na época disputava a 3ª divisão).

Ontem, Bolívar e Flamengo jogavam pela Libertadores. No início do jogo, o zagueiro Samir escorregou e cometeu pênalti no atacante adversário. Arce converteu a cobrança. O placar seguiu inalterado até o fim da partida.

Na saída de campo, no desembarque no Rio de Janeiro, Samir foi o centro das atenções. Os jornalistas cercaram o jovem zagueiro de 19 anos pra perguntar o que aconteceu naquele lance. Que pergunta mais estúpida, colegas. Ele escorregou e pronto! Samir não é pior e nem melhor por causa disso. Bola pra frente, Samir.

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Gabriel Godoy

Jornalista; frustrou-se na tentativa de ser um jogador profissional; peladeiro; apaixonado por futebol de campo, de rua, de botão, de vídeo-game...

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